Se, nos próximos dias, olharem com atenção para o espaço da sede do Bloco de Esquerda do Porto, podem reconhecer as diferenças e as melhorias que o seu auditório sofreu.
Desde o tecto, que está agora recuperado e vai permitir-nos trabalhar aqui com outro conforto; até à (nova) cozinha, que era inexistente e que agora está equipada, organizada e que nos possibilita momentos como o da inauguração deste espaço, em que os comes e os bebes alimentam a nossa insurgência; passando por todos os pormenores que nos próximos tempos nos acolhem a militância.
Se olharem para o espaço da sede, poderão ver o caminho que já percorremos, não descurando o que ainda há para percorrer. Sim, que ainda há bastante a fazer, para o isolamento do espaço, a organização da oficina de materiais ou a optimização do primeiro andar, que será espaço de biblioteca e de workshops vários.
Todo este trabalho foi feito a muitas, várias mãos, sobretudo na reta final, para estar tudo pronto para o dia da inauguração. Para lhe dar seguimento, precisamos do contributo militante e ativista de todos e de todas os que possam juntar-se a este coletivo, que durante os cerca de seis meses em que aqui investimos não foram mais de seis ou sete pessoas.
A esta dimensão mais estrutural de intervenção no Espaço, importa acrescentar o que de conteúdo político se tem construído e se pensa construir daqui para a frente.
O programa da comissão coordenadora distrital, que iniciou o seu mandato em julho do ano passado, propunha fazer da sede um espaço de trabalho e de encontro permanente dos militantes e uma porta de entrada aos novos ativistas e aderentes; que mais do que uma sala de reuniões, permita a realização de eventos e encontros capazes de juntar pessoas para ações concretas, criando momentos de partilha e camaradagem e que por isso devemos democratizar o acesso dos militantes à sede, aceitando desafios e propostas de eventos capazes de criar o espaço político necessário à esquerda, na cidade e no distrito.
Assim temos vindo a fazer, com um já largo conjunto de iniciativas que aqui fomos realizando, como os debates mensais, os círculos marxistas, as festas, os jantares ou as assembleias.
Mas há ainda mais para fazermos, sobretudo agora que o Espaço ganhou esta identidade – desde o nome, que resultou de um concurso de ideias em que todos os aderentes puderam participar, à imagem, proposta pelo camarada Renato Soeiro.
A proposta de agenda que temos para apresentar foi construída com base nessa identidade e nos pressupostos que o programa da CCD integra, incluindo a valorização do debate e da iniciativa dos militantes e a abertura e atenção à sociedade. Devemos entender que o movimento social e político representado pelo conjunto de militantes do Bloco exige uma democracia de alta intensidade, que devemos manter uma postura de abertura a outras vozes e de alargamento do nosso espaço político, que a solidariedade militante e a abertura a iniciativas propostas pelos aderentes são essenciais e que se devem intensificar os espaços de partilha coletiva.
Nos próximos meses, além de ser um Espaço pronto para receber outros coletivos da cidade e do distrito, o Espaço Miguel Portas terá uma agenda própria com debates, momentos de partilha e discussão política, de transformação e de cultura subversiva e insubmissa, de convívio e camaradagem, de acompanhamento das lutas.
Será um Espaço que pela sua atividade recebe a cidade e o distrito de braços abertos, saindo para além de si mesmo no sentido de um enraizamento e uma interação permanente com o local onde estamos, criando reflexão à esquerda e propondo novas e outras formas de pensar e de agir.
Nos próximos seis meses, até outubro, a par de toda a atividade no distrito e nos concelhos, iremos dinamizar no Espaço Miguel Portas iniciativas que explorem temas laterais, de contra-cultura, irreverentes, enfim, que recarreguem as energias dos camaradas para irmos para a rua mostrar a matéria de que somos feitos.
Começamos já com maio dedicado ao feminismo. O Encontro Feminista do Bloco de Esquerda acontece no Porto a 16 e 17 de maio, e as iniciativas do Espaço estarão marcadas por essa matriz: os Círculos Marxistas são dedicados à Judith Butler, pela voz da Cláudia Campos, haverá uma sessão de cinema em que falaremos das narrativas da inevitabilidade pela voz de uma realizadora e dinamizaremos um workshop feminista de auto-defesa.
E seguimos para junho, com um mês dedicado à agit prop. O debate do mês de junho explorará formas de fazer cultura de intervenção, a sessão de cinema será dedicada à ação política à margem, e a oficina será uma oficina de materiais de agitação construídos com as próprias mãos.
Mas estes são só alguns exemplos do que podemos e queremos fazer, o que deve ser alimentado pelas propostas de todos os e as aderentes. “As grandes lutas fazem-se com pessoas normais, não com heróis" e a intervenção política neste Espaço será feita dos temas a que estas pessoas normais derem forma. Por via do email bloco.porto@blocomail.org, façam-nos chegar as vossas propostas ou juntem-se a uma das nossas reuniões, que acontecem de duas em duas semanas.
Vamos lá fazer a luta toda!